A grande dúvida existencial de Hamlet, o tal “ser ou não ser, eis a questão”, provavelmente só existiu porque ele nunca precisou decorar sua casa. Pois imagine o rapaz diante de um catálogo com milhares de cores, uma com o nome mais criativo que a outra: só quem viveu sabe o drama que é descobrir se o “pôr-do-sol mediterrâneo” combina com o “fim de semana no Caribe”.
Os deuses do design, porém, presentearam a humanidade com uma tendência que resolve esse problema ao mesmo tempo que é puro charme – e, para completar, ainda vem com sotaque francês, para ninguém duvidar da procedência. Estamos falando do “ton sur ton”, ou, em bom português, tom sobre tom.
Funciona assim: em vez de combinar cores diferentes, você monta um ambiente com variações da mesma cor. E não pense que a ausência de fortes contrastes causa monotonia: aqui, o que vale é brincar com nuances, texturas e volumes, em um resultado harmônico e quase hipnótico.
Por exemplo: você pode eleger um objeto ou parede com tom mais marcante para funcionar como âncora daquele cenário enquanto os demais apenas complementam o conceito. Não precisa que o cômodo inteiro fique de uma cor só, sob o risco de você ficar zonzo a cada vez que mudar de ambiente. Você pode trabalhar uma parede ou um cantinho dessa forma. Ou pode variar com tons mais neutros, como branco, cinza e bege, que criam um contraste bastante harmonioso e ajudam a suavizar a saturação da sua paleta.
Se o cômodo em questão for amplo, pode investir em cores vibrantes sem medo de ser feliz: em vez de sobrecarga, é como se elas se diluíssem no espaço, principalmente se ele for bem-iluminado e arejado. Agora, em ambientes pequenos, cores muito fortes podem dar uma certa impressão de confinamento. Nesse caso, os tons mais leves funcionam melhor.
Agora que você está por dentro dessa tendência, a grande dúvida que fica é: com qual cor aplicar o tom sobre tom. Pois é… algumas questões existenciais são cheias de nuances.